A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) completou 50 anos de fundação em 22 de dezembro de 2013. São cinco décadas na luta em busca de melhores condições de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural. Sua trajetória é fruto da organização, trabalho, articulação e mobilização dos mais de 4.000 Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs) e das 27 Federações de Trabalhadores na Agricultura (FETAGs) filiadas, que compõem junto com a CONTAG o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR).

A ideia de sua criação deu-se em uma época em que ocorriam sucessivos conflitos agrários. Era necessário organizar os movimentos de camponeses espalhados pelo Brasil. Reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 31 de janeiro de 1964, torna-se a primeira entidade sindical do campo de caráter nacional.

A Confederação iniciou sua atuação no momento em que se discutiam as reformas de base, inclusive a reforma agrária. Em 1964, o presidente João Goulart foi deposto com o apoio dos latifundiários. O regime militar, implantado no país, reprimiu todos os movimentos populares, inclusive suas lideranças e políticos comprometidos com as reformas de base. A CONTAG sofreu intervenção e o primeiro presidente da entidade, Lyndolpho Silva, foi preso e exilado. Outras lideranças e dirigentes sindicais foram torturados, exilados e assassinados.

Entre 1968 e 1969, período do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), os trabalhadores e trabalhadoras rurais realizaram um amplo movimento para retirar a CONTAG das mãos do interventor. Após a retomada, a Confederação intensificou o processo de organização sindical e politização da categoria trabalhadora rural, fato que resultou no crescimento de sindicatos e sindicalizados em todo o país. Em 1979, o MSTTR contava com mais de 5 milhões de associados(as).

A CONTAG integrou, junto a outros movimentos sociais, a vanguarda na luta contra a ditadura militar e pela redemocratização do Brasil, reivindicando uma ampla e irrestrita anistia política, eleições diretas e a convocação da Assembleia Nacional Constituinte. Durante a Constituinte, a entidade participou ativamente das discussões que envolviam os interesses da população do campo, alcançando significativas conquistas, como a inclusão dos rurais no Regime Geral da Previdência Social e a extensão dos direitos trabalhistas aos assalariados(as) rurais.

Em contraposição ao avanço das políticas neoliberais no campo, com um acentuado caráter concentrador de terra e renda, conservador e excludente, o MSTTR construiu o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) como um instrumento estratégico para assegurar melhores condições de vida e de trabalho para o homem e a mulher do campo, através de uma ampla, massiva e democrática reforma agrária, da valorização e fortalecimento da agricultura familiar, da valorização do trabalho digno e de políticas públicas capazes de assegurar a inclusão social e a qualidade de vida no campo brasileiro.

Internamente, a CONTAG concentrou esforços em ampliar a participação de todos os segmentos da categoria, assegurando a integração das mulheres, dos jovens e das pessoas da terceira idade em suas mobilizações e instâncias deliberativas.

Esses 50 anos foram marcados pelas constantes mobilizações em defesa dos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, entre as quais podem ser destacadas o Grito da Terra Brasil, a Marcha das Margaridas, o Festival da Juventude e a Mobilização dos Assalariados(as) Rurais, que continuam conquistando melhorias para toda a população do campo.

A CONTAG é referência no país na luta pela construção de uma sociedade mais justa, democrática e igualitária, e na defesa permanente dos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.